O acordo energético entre Brasil e Peru está sendo questionado no país andino devido aos impactos sociais e econômicos que pode provocar. Ambientalistas afirmam que a construção de seis hidrelétricas na amazônia peruana atende apenas a interesses brasileiros, com alto custo para a floresta e populações indígenas. As críticas foram divulgadas pelo Internacional River (IRS), no dia seguinte à do acordo entre os presidentes Luís Inácio Lula da Silva e o colega Alan Garcia. O Brasil vai colaborar na construção de seis hidrelétricas, com capacidade para gerar 6 mil MW de energia, e linhas de transmissão no país vizinho. A maior parte da energia deverá ser exportada para o Brasil.
“Este acordo não irá garantir energia limpa e renovável para o Peru. Ao contrário, vai impor uma série de impactos ambientais e sociais negativos, como o deslocamento de povos indígenas e o desmatamento acelerado em pelo menos cinco provincias do Peru, colocando em grave risco o futuro da Amazônia Peruana,” afirmou à IRS Mariano Castro, ex-Secretário-Executivo do Conselho National Peruano de Meio Ambiente (CONAM) e advogado da Sociedade Peruana de Direito Ambiental (SPDA).
O acordo recebe críticas também no Brasil. De acordo com a declaração do professór Célio Bermann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, as hidrelétricas atenderiam aos interesses de minero-metalúrgias que estão se instalando na Amazônia. “Essa energia não vai ser direcionada para as necessidades da população peruana, nem tampouco à população brasileira,” afirmou à IRS o professor. (Vandré Fonseca)
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