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“Estamos há 522 anos resistindo a esses ataques”, diz Raquel Tremembé 1z3r3h

Candidata a vice de Vera Lúcia (PSTU) e única indígena em uma chapa majoritária, a pedagoga falou sobre a luta dos povos originários, das mulheres e sobre a proteção do meio ambiente em entrevista exclusiva a ((o))eco

Gabriel Tussini ·
26 de agosto de 2022 · 3 anos atrás

A terceira entrevista da série especial de ((o))eco para a cobertura das Eleições 2022, realizada nesta quinta (25), contou com a presença de Raquel Tremembé (PSTU). Em live transmitida pelos nossos canais oficiais no Facebook, YouTube e Twitter, a indígena da etnia Tremembé, do Maranhão, falou com Juliana Arini, de ((o))eco, sobre suas visões, experiências e propostas para o país. Ela é vice na chapa de Vera Lúcia à presidência da República e disputa a sua primeira eleição.

Segundo a candidata, os povos indígenas estão fazendo um “levante” em reação a séculos de ataques contra suas vidas, tradições e territórios. Ela criticou declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) responsabilizando comunidades indígenas e quilombolas pela destruição do meio ambiente.

“Nós estamos há 522 anos resistindo a esses ataques. Como nos incriminar todos os dias dizendo que nós somos os culpados de todas as mazelas que vem ocorrendo, se nós precisamos da terra e do território para sobreviver?”, questionou. “Essa luta pelo direito de existir, para ter os nossos modos de vida preservados, não é de agora. Não é possível que as pessoas, ou a sociedade em geral, não entendam isso. E uma das perspectivas dessa candidatura é essa, ecoar nossas vozes ao mundo, às pessoas que desconhecem”, afirmou.

Raquel destacou também a importância dos povos tradicionais e das mulheres como pilares na preservação da biodiversidade. “Nós mulheres sempre tratamos o meio ambiente, a fauna e a flora como se fosse o útero, é o útero da terra. É algo muito intenso, muito sagrado. E essa não é uma proteção que a gente faz somente por nós, é uma proteção por toda a humanidade”, frisou. “A floresta em pé é o útero da terra, e nela está contida toda uma biodiversidade que clama todos os dias para se manter viva. E 80% dessas riquezas naturais estão contidas dentro dos territórios indígenas e quilombolas. E quem luta com seus corpos todos os dias são os povos e as comunidades indígenas”, reiterou.

A candidata defendeu também a demarcação de terras indígenas para resolver o problema da fome. “Se não houver terra demarcada e titulada, não há como sobreviver dignamente. A terra e o território são as formas mais fáceis de o e de qualidade à população pobre no que se refere à alimentação. Porque alimento tem, mas se não tiver uma terra produtiva, se não barrar essas formas de ataque – que não atingem somente o povo, atingem também a terra, o solo – a tendência é essa [fome]”.

Por fim, a candidata reforçou a importância das candidaturas indígenas, que vem crescendo no país. “É uma forma de cada povo dizer que nós existimos, que estamos aqui, que somos capazes sim de estarmos à frente dessas discussões. Podemos falar por nós e representar toda uma nação, já que somos representantes de várias nações. E essa representatividade vem pra isso, para fortalecer, para tirar desse cenário triste e cruel que nos assola a todo momento. Essas candidaturas vêm pra isso. Estamos aí pra representar todo um segmento que luta e acredita por direitos, respeito e dignidade”, destacou. Ela afirmou também acreditar que o Brasil pode ter um indígena na presidência um dia. “É por isso que nós construímos essas cheganças, preparamos esse espaço. Temos uma grande representatividade, que é a Joênia Wapichana (REDE-AP), deputada federal. Mas a gente precisa estar aí em todos os âmbitos”, completou.

  • Gabriel Tussini 4e271

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

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